domingo, 27 de março de 2011
SE PUDESSE VOLTAR VINTE ANOS ATRÁS ( ÁLEX GARCIA )
Eu não mudaria nada. Sei que soa arrogância e prepotência, mas se fosse dotado desse magnífico poder de voltar ao meu passado não mudaria nada em minha vida. Sei que você que está se dando ao trabalho de ler essas linhas mal escritas deve pensar “poxa, teve uma vida boa!”, mas posso te afirmar que não foi tão boa assim... Cometi falhas que até hoje sinto dificuldade em me perdoar, magoei quem não merecia, me neguei em ajudar a muitos por pura preguiça ou indiferença e outras vezes estiquei a mão para quem a mordeu em retribuição, passei muito tempo sem estar sóbrio, joguei anos fora achando que vivia a mil por hora, enquanto na verdade andava para traz, não pedi desculpa a quantidade de vezes necessárias e não desculpei além da ponta da língua, menti, enganei, perdi, nossa e como perdi; claro também tive momento de flores e risos, mas me lembro muito mais das lágrimas, da insônia, frustrações e derrotas. Mas mesmo assim não usaria esse dom de voltar ao passado para mudar absolutamente nada, entendo que sou hoje a soma de todos os erros que me fizeram crescer como pessoa, sou uma colcha de retalhos das iniquidades que cometi, das perdas que tive e dos poucos acertos do meu passado, se não tivesse vivido de perto a sombra e a escuridão não reconheceria a grandiosidade da luz, não saberia a diferença do fel amargo da mentira para o manjar plácido da verdade. Sou definitivamente cada gota chorada, cada adeus acompanhado de um até breve, que jamais aconteceu, sou a multiplicação de números negativos que insistiram em se tornar positivo e aprendi com a vida a ser “eu” e hoje gosto de ser o que me tornei.
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