O presidente americano, Barack Obama, reafirmou nesta quarta-feira a posição americana do lado de Israel no impasse com os palestinos por territórios no Oriente Médio. Paradoxalmente ao discurso da presidente brasileira, Dilma Rousseff, na abertura da 66ª Assembleia Geral da ONU, que apoiou a criação de um estado palestino, Obama insistiu na necessidade de realizar negociações de paz antes de reconhecer uma nova nação. "Sei que muitos estão frustrados pela falta de progresso, mas ainda há a questão de como atingiremos esse objetivo. Paz é trabalho duro e não depende apenas de resoluções nas Nações Unidas", afirmou. Para ele, o povo palestino merece um estado próprio, mas somente depois de ambas as partes chegarem a um acordo pacífico.
Entenda o caso
- • Diante do fracasso do acordo de paz com Israel, a Autoridade Nacional Palestina decidiu propor à Assembleia Geral da ONU votação a favor da criação de um estado palestino nas fronteiras antes de 1967, tendo Jerusalém Oriental como capital.
- • No pleito, marcado para 20 de setembro, os 193 países-membros podem votar e, se aprovada a criação do 194ª estado, a decisão seguirá para o Conselho de Segurança, onde EUA, China, Rússia, França e Grã-Bretanha tem poder de veto - e tudo indica que os americanos o usarão.
- • As negociações de paz entre israelenses e palestinos chegaram a ensaiar um retorno, por intermédio dos Estados Unidos, que defendem que só é possível criar um estado palestino realmente significativo a partir da retomada do diálogo - empacado diante da recusa israelense de parar assentamentos judeus em territórios palestinos ocupados.
Reforçando que não existem "atalhos" para se chegar a um acordo na região, Obama saiu claramente em defesa dos israelenses. "O comprometimento dos Estados Unidos com a segurança de Israel é inabalável. Nós temos uma amizade muito forte", destacou. "Sejamos honestos, Israel está cercado por países que já entraram em guerra contra eles", acrescentou, indicando que os amigos dos palestinos não os ajudam ao ignorar as circunstâncias que levaram os judeus a chegar a Israel. "Só teremos sucesso nesse esforço se conseguirmos que os dois lados sentem e ouçam seus medos e seus desejos, é nesse sentido que os Estados Unidos buscam avançar."
Primavera árabe - Sobre as revoltas no mundo islâmico, Obama elogiou os manifestantes sírios e as sanções impostas por diversos países contra o ditador Bashar Assad, pedindo que a mesma atitude seja tomada em conjunto pela ONU. "Não agir é indesculpável. Chegou a hora de o Conselho de Segurança das Nações Unidas sancionar o regime sírio e se colocar ao lado do povo sírio", declarou, lembrando a violência extrema a que a população é submetida atualmente. "Enquanto estamos reunidos hoje, homens, mulheres e crianças são torturados, detidos e assassinados pelo regime sírio. Milhares (de pessoas) foram assassinadas."
Ele também exaltou o povo líbio, que "dia após dia, sob bombas, mísseis", recusou-se a desistir de sua liberdade. "Um ano atrás, o povo da Líbia era controlado por um dos regimes maislongos do mundo, mas a população se levantou contra o ex-ditador líbio Muamar Kadafi." O presidente americano ainda lembrou da queda de outros ditadores árabes, como Zine el Abdine Ben Ali (Tunísia) e Hosni Mubarak (Egito), e completou: "Osama bin Laden morreu, e a ideia de que a violência só pode mudar com violência foi enterrada com ele". E citando as guerras americanas no Iraque e no Afeganistão, ele diz que conflitos violentos estão com os dias contados. "Que não haja dúvida que os laços da guerra estão cedendo. Agora aprendemos que não importa o quanto amamos a paz e odiamos a guerra, não há como impedir que haja guerra ao redor do mundo. Paz é difícil, mas as pessoas pedem por ela."
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