Coragem Protestante
Por Daniel Grubba
Hoje comemora-se o dia de Reforma Protestante. Há exatamente 494 atrás que um monge subversivo, porém cativo a consciência do evangelho, afixou na porta da catedral de Wittenberg, suas 95 teses. Dentre muitos aspectos abordados, Lutero denunciou o abismo que havia entre a igreja católica e a Palavra, criticou também a corrupção moral do papado, e profetizou contra as insanidades daqueles que estavam negociando financeiramente a salvação da alma dos homens.
Sendo protestante ou não, você há de convir que este evento mudou completamente a história da humanidade. Por isso gostaria de homenagear esta data tão significativa fazendo apenas uma breve alusão a coragem protestante.
Precisamos reconhecer que o movimento da reforma não resumiu-se a este ato isolado de Lutero. Muitos outros dedicaram suas vidas contra a monopolização da mensagem do Evangelho. Foi, portanto, um movimento inteiramente marcado pela coragem de alguns homens, que ousaram enfrentar reinos, autoridades, papas, e toda a tirania dos poderosos. Refiro-me em especial os quatro grandes nomes da reforma: Lutero, Zuínglio, Calvino e Menno Simons.
Lutero foi intimado, ameaçado de morte, e forçado a retratar-se diante do poder imperial. Foi na Dieta de Worms (sessão do governo imperial) na Alemanha, chefiada pelo imperador Carlos V, que Lutero foi convocado para desmentir suas teses. O processo foi longo, durou muitos dias, e uma pressão enorme foi feita para que Lutero voltasse atrás. Como ele reagiu? Lutero se retratou ou não? Como ele respondeu diante de todos em Worms?
“Visto que vossa sereníssima majestade e vossas nobres altezas exigem de mim resposta clara, simples e precisa, vou dá-la, e é esta: Não posso submeter minha fé, quer ao papa, quer aos concílios, porque é claro como o dia que ele têm frequentemente errado e se contradito um ao outro. A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras, não posso retratar-me e não me retratarei, pois é perigoso a um cristão falar contra a consciência. Aqui permaneço, não posso fazer outra coisa; queira Deus ajudar-me. Amém”.
Hoje falta “homens com peito” para enfrentarmos, com coragem protestante, os desafios do mundo moderno. Não falo só da igreja que está retornando ao paganismo medieval. A luta do cristão não deve se resumir aos caminhos da instituição cristã, mas principalmente ao estabelecimento da justiça na terra. Portanto, urge a necessidade de profetas corajosos que denunciam a perversidade dos sistemas de exclusão social, que lutam em favor dos bilhões de miseráveis da terra, e que não se calam diante da omissão da igreja frente aos problemas da humanidade.
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