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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O agonizante problema da salvação..

O problema mais difícil quanto ao assunto da segurança da salvação não é determinarmos se os fatos objetivos do cristianismo são verdadeiros (Deus existe, Cristo é Deus, Cristo morreu pelos pecadores, Cristo ressuscitou dos mortos, Cristo salva para sempre todos os que crêem nEle, etc.). Esses fatos são o alicerce firme de nossa fé. Todavia, o problema agonizante é saber se eu sou realmente salvo por esses fatos.
Em resumo, o grande problema é saber se eu tenho a fé salvadora. O que torna isso agonizante — para muitos na história da igreja e em nossos dias — é o fato de existirem pessoas que imaginam possuir a fé salvadora, quando não a possuem. Por exemplo, Jesus disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mateus 7.21-23).
Portanto, a pergunta crucial para muitos é esta: eu tenho realmente a fésalvadora? A minha fé é verdadeira? Estou enganando a mim mesmo? Algumas pessoas que têm boas intenções tentam amenizar o problema por tornarem a fé em uma simples decisão de afirmar certas verdades, tal como: Jesus é Deus, Ele morreu pelos meus pecados. Outras tentam fazer do problema algo menos inquietante, por negarem que qualquer tipo de mudança de vida é realmente necessário para demonstrar a realidade da fé. Por isso, descobrem uma maneira de fazer que as palavras de Tiago 2.17 signifiquem algo diferente do que parecem significar — “Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta” (Tiago 2.17). Mas essas estratégias que visam fortalecer a segurança de salvação têm o efeito contrário. Negam algumas partes das Escrituras. E até a fé minúscula que eles preservam pode ser atormentada e questionada pela alma oprimida. Não resolvem o problema e abrandam a verdade. E, talvez o pior de tudo, dão segurança de salvação à pessoa que não devia tê-la.
Em vez de minimizar a natureza miraculosa, profunda e transformadora da fé, e em vez de negarem que existem mudanças de vida necessárias que demonstram a realidade da fé, deveríamos abordar de outra maneira o problema da segurança da salvação. Devíamos começar reconhecendo que há uma garantia objetiva para descansarmos no perdão de Deus para os nossos pecados e há uma garantia subjetiva para a certeza de que nossos pecados são perdoados. A garantia objetiva é a obra consumada de Cristo, na cruz, que “aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hebreus 10.14). A garantia subjetiva é a nossa fé, que produz o fruto de sermos “santificados”.
Em seguida, devemos compreender que a fé salvadora tem duas partes. Primeira: a fé é uma visão espiritual da glória (ou beleza) no Cristo do evangelho. Em outras palavras, quando você lê ou ouve o que Deus fez pelos pecadores, na cruz e na ressurreição de Jesus, o seu coração vê isso como algo sublime e glorioso em si mesmo, mesmo antes de você ter certeza de que é salvo por meio disso. Penso ser esta a idéia em 2 Coríntios 4.4, quando Paulo disse que Satanás cega a mente dos incrédulos para que não vejam “a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”. Para que a fé seja real, tem de haver uma “luz” sobrenatural que Deus faz resplandecer no coração, a fim de mostrar-nos que Cristo é glorioso e sublime (2 Coríntios 4.6). Isso acontece como uma obra do Espírito de Deus, por meio da pregação do evangelho.
Segunda: a fé é um descanso garantido neste evangelho glorioso, para a nossa salvação. Eu digo “descanso garantido”, porque há um descanso não garantido — pessoas que imaginam que são salvas, mas não o são, porque nunca chegaram a ver a glória de Cristo como sublime e constrangedora. Essas pessoas crêem somente por causa do garantia do livramento do mal, e não porque vêem a Cristo como alguém mais glorioso e desejável do que todas as outras coisas. Mas para aqueles que vêem “a luz do evangelho da glória de Cristo” o seu descanso é garantido.
No aspecto prático, isto significa, primeiramente, que devemos continuar olhando para a cruz e para a obra de Deus em Cristo, porque este é o lugar em que Deus faz a luz do evangelho resplandecer. Se nos tornarmos excessivamente introspectivos e analisarmos demais as nossas emoções, afundaremos em dúvidas desesperadoras, porque a luz confirmadora não resplandece de dentro de nós, e sim de Cristo no evangelho. Temos de olhar para fora de nós mesmos, para Cristo e sua obra, se desejamos ter a segurança de salvação firme em nosso íntimo.
Em segundo, devemos orar continuamente a Deus, pedindo-Lhe que ilumine os olhos de nosso coração (Efésios 1.18). Em terceiro, devemos expressar nossa confiança em Cristo, por amarmos uns aos outros, conforme disse o apóstolo João: “Sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos” (1 João 3.14). Em última instância, a segurança de salvação é um precioso dom de Deus. Oremos uns pelos outros, para que este dom seja abundante entre nós.

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