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sexta-feira, 1 de julho de 2011

CARTA AO DR DRAUZIO VARELLA.


Prezado doutor Drauzio Varella, respeito muitíssimo o senhor como médico. Suas instruções, em programas de TV e na Internet, são excelentes e ajudam as pessoas a terem uma vida mais sadia.

Acabei de ler o seu artigo “Violência contra homossexuais”, em seu site. Gostei de boa parte das suas argumentações e considerei que, de forma geral, a sua abordagem como médico sobre esse assunto cercado de tanta polêmica foi bastante equilibrada.





O senhor está correto ao considerar abusiva a conduta de pastores que querem forçar os homossexuais a serem heterossexuais. E devo lhe dizer, inclusive, que os pastores que se prezam jamais interferem desse modo na vida das pessoas. Eles tão-somente pregam em tese, e não de modo direcionado, ofensivo e ridicularizante, a respeito do que é certo ou errado à luz da Bíblia.

Entretanto, com todo o respeito, gostaria de contestar uma parte do seu artigo. Ei-la: “A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira”.

De fato, a sexualidade não admite opções. O ser humano não escolhe se será homem ou mulher. Ele nasce menino ou menina. Quanto à homossexualidade, penso que não deve ser equiparada à masculinidade ou à feminilidade. Digo isso, não por preconceito, e sim por causa da própria fisiologia. Afinal, a mulher grávida, quando vai fazer a ultrassonografia, ela quer saber se o seu filho é macho ou fêmea, não é mesmo?

Pelo que tenho pesquisado, há vários fatores que podem contribuir para a manifestação do comportamento homossexual, ao longo da vida. Mas nenhum cientista conseguiu comprovar que a homossexualidade está ligada à genética. Não existe gene gay.

Reconheço, por outro lado, que existe a possibilidade de alteração de gene, decorrente de maus tratos na infância, por exemplo, conforme tem noticiado a revista Nature Neurosciense. E entendo que isso pode fazer com que o infante ou o adolescente venham a adotar um comportamento que não corresponda à sua fisiologia. Mas isso não significa que alguém já nasça homossexual.

O senhor também disse, de modo poético, que podemos controlar o nosso comportamento, mas não o nosso desejo: “O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira”. Com toda a sinceridade, considero muito perigoso esse raciocínio e explico por quê.

Muitos psicopatas têm o desejo de matar, não é mesmo? E o estuprador? Também tem o desejo de violentar mulheres. Da mesma forma, os pedófilos e efebófilos têm desejo de abusar de crianças e adolescentes. E assim por diante.

Por conseguinte, se considerarmos — com base na tese de que o desejo é indomável 
como a água que despenca da cachoeira — que o ser humano, por causa disso, tem liberdade para agir conforme o seu desejo, por que temos ojeriza dos psicopatas, estupradores, pedófilos e efebófilos, e queremos que eles sejam condenados por seus atos?! Afinal, o desejo é indomável como a água que despenca da cachoeira. Como controlá-lo?

Vou exagerar um pouco agora. Digamos que pedófilos e efebófilos, aproveitando-se do precedente aberto pelo STF, ao liberar a passeata pela legalização das drogas, se reúnam em uma grande passeata na Avenida Paulista, em São Paulo, com cartazes, serviço de som, e comecem a gritar: “Estamos cansados de ser discriminados neste país! Pedimos cadeia aos fundamentalistas religiosos que pregam o preconceito pedofilófobo e efebofilófogo. Nós não escolhemos ser pedófilos e efebófilos, pois o nosso desejo é indomável como a água que despenca da cachoeira”. Estarão eles certos em sua reivindicação?

Caro doutor, parece um grande exagero o que estou falando, mas não estou comparando 
isto com aquilo. Apenas quero lhe dizer que, para mim, é evidente que a sua tese é frágil e facilmente refutável. Reconheço que o senhor recebeu do Criador uma inteligência acima da média e não quero, de modo algum, ofendê-lo. Por isso, com todo o respeito — reitero —, peço-lhe que reveja a sua posição, a fim de que não incorra em simplismo e preconceito contra os evangélicos e católicos.

Cordialmente,

Ciro Sanches Zibordi

2 comentários:

  1. Sacerdote meus parabéns pela sua forma de expor os seus raciocínios, como sempre de forma contundente e muito equilibrada como convêm a um verdadeiro Sacerdote. Que Deus prolongue seus dias para que possa sempre estar ao nosso dispor para nossa orientação com base nas escritura sagrada e a unção do Espirito Santo.
    Uma ótima semana.

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  2. A sútil crítica do Ciro Zibordi ao texto de Drauzio Varella no que tange o direito dos pedófilos, estupradores de reinvindicar o direito de praticar tais atrocidades com base no mesmo direito do homossexual, pois segundo ele seria também uma questão de "desejo indomável" não se sustenta por algumas simples razões.

    Todo comportamento humano foi regrado há milênios pela sociedade e depois regulado pelo Estado de Direito, limitando aqueles comportamentos que atentavam contra a paz social.

    Pedofilia, estupro, homicidios e outros crimes similares bárbaros jamais foram aceitos pela sociedade desde os tempos imemoriais mesmo na ausência de normas de conduta seja de UR NAMU ou LEI de TALIÃO ou ate na LEI de MOISÉS, tais comportamentos eram inadmissiveis.

    A sociedade evoluiu em consciência, os direitos de liberdade do Homem foram ganhando destaque e corpo à partir da revolução francesa, em especial depois das duas grandes guerras mundiais, sendo fortalecido como àpice da conquista da sociedade moderna o respeito à "dignidade da pessoa humana".

    As constituições de todo o mundo civilizado passou a primar o homem e sua dignidade como bem superior a ser preservado, por isso a presença de todo cabedal jurídico de proteção a restrição de pensamento, presunção de inocência, e direito à liberdade guindados a categoria de direitos fundamentais - cláusula pétrea.

    Houve desde então uma dicotomia no tratamento dos sentimentos subjetivos da natureza humana.

    Toda liberdade no que tange aos seus sentimentos sexuais e possibilidade de compartilhar com seus iguais esse mesmo sentimento desde que haja anuência do outro. Por isso temos o casamento, união estável, para consagrar esse desejo de união que se concretiza na carne com toda liberdade do ato sexual.

    Todavia tal sentimento subjetivo e natural do desejo sexual e de compartilhar com o outro igual, teve total e absoluta vedação quando tal liberdade fosse roubada, expropriada ou escravizada, as sociedades mesmos as mais avançadas e liberais não toleram tais comportamentos quando não permitida, vide o caso de a mulher ser vítima de estupro pelo marido.

    Portanto tais comparações à grosso modo pelo autor Ciro Zibordi, com todo respeito não se sustenta, tendo em vista que os exemplos dados foram de crimes com requintes de crueldade, já rechaçados e não aceitos pela sociedade há séculos.

    Em suma, liberdade sim, quase absoluta, todavia somente com meu igual dentro da senha chamada consentimento, sem violar a dignidade humana.

    Essa pra mim, a diferença pivotal do heterossexual ou homossexual poder dispor do seu próprio corpo dentro da legalidade e não poder dispor da mesma liberdade com crianças, cometer estupros sem incorrer em crimes hediondos ditados pela mesma sociedade, pela nossa consciência e pelo Estado.


    Pb. Mauro Silva

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